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25 OUT Novos olhares, nova Travessia

Novos olhares, nova Travessia


Desde que descobriu estar com câncer de mama, há 9 meses, a vida da professora Flávia Cabral mudou completamente. “A Flávia que existia há 9 meses não existe mais, está morrendo. Essa que está nascendo olha para o mundo de outra forma, é mais empática e busca mais propósito em tudo que vai fazer”, revela a professora.

Esse novo olhar para a vida, como gosta de ressaltar, é o que a tem ajudado a viver e ter forças para enfrentar a doença. “Quando o médico me deu o resultado, disse que eu estava com câncer, pareceu uma sentença de morte. Foi muito assustador”, relembra. No meio dessa angústia pensou que tinha duas opções: ficar em casa “em depressão” ou olhar, pensar e focar na vida. “Revi todas as coisas que fazia, como vivia, minhas escolhas. Estou tendo momentos muito criativos”, afirma a professora que dá aulas de Redação no Colégio Sigma há 22 anos. A dor virou trabalho”, acrescenta ela, que além de manter suas atividades também passou a remar. Flávia agora faz parte de um projeto de apoio para mulheres sobreviventes do câncer de mama, o Caremama. O primeiro grupo de mulheres remadoras de Dragon Boat do Paraná. 

Dessa mudança radical e do olhar mais atento para a vida está nascendo também o projeto Travessia. A professora idealizou uma maneira de ajudar as outras pessoas a externarem seus sentimentos por meio da escrita. A  iniciativa, apoiada por outros professores voluntários, pretende oferecer oficinas literárias a pessoas que passaram - ou estão passando - por momentos difíceis como os de Flávia.  “A ideia é ajudá-las a ressignificar essa dor por meio da escrita”, declarou. Após os encontros e palestras, as pessoas serão estimuladas a escrever. Os textos serão publicados em um blog do projeto. Algumas produções serão selecionadas para compor um livro que vai chamar “Travessia”. “Esse nome é muito significativo, quando você se descobre com câncer, sua vida nunca mais será a mesma, começa uma jornada, entre quem você era, como vivia, o valor que dava às pequenas coisas e quem você está se tornando”, revela a professora. 

Sobre a doença
Flávia desconfiou de algo errado quando fez um autoexame em casa. Ela conta que fazia os exames de rotina, anualmente, mas quando ouviu que duas primas estavam com a doença fez um autoexame e desconfiou de alguns nódulos na mama. Agendou consulta com o médico, que pediu exames urgentes e, em 15 dias, ela estava com o diagnóstico de câncer de mama. “Foi muito rápido. Na sequência já comecei a fazer o tratamento, tomar a medicação”, pontua. Hoje, Flávia faz tratamento em Curitiba, imunoterapia, que controla e combate a doença. É possível que ainda tenha que fazer a mastectomia – cirurgia para a retirada total ou parcial da mama – mas o mais importante é que a doença já está controlada.

Nesse momento, Flávia diz que é fundamental o apoio da família. “Meu marido tem sido de uma força e sensibilidade incomuns, presença constante em todos os exames. Este apoio é muito importante”, afirma a professora, reforçando que o acolhimento e apoio da família, além da confiança no médico são fundamentais. 

Para as mulheres, Flávia deixa uma dica: “Se amar e se respeitar. Cuidar da alimentação é imprescindível, ficar com corpo e mente legais. Tocar seu corpo e conhecê-lo. Fazer o autoexame”. O autoexame, reforça ela, foi o que a ajudou a desconfiar de que tinha algo fora do comum. “Em tudo a gente pode tirar uma experiência boa ou ruim. Eu prefiro ficar com a boa, pensar na vida e traçar metas e projetos para o futuro”.