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02 SET Bicentenário da Independência: relembre os fatos que podem ser tema de vestibular

Bicentenário da Independência: relembre os fatos que podem ser tema de vestibular


O Brasil comemora em 2022 o Bicentenário da Independência do Brasil. Dizem que foi em 7 de setembro de 1822, há exatos 200 anos, que Dom Pedro bradou, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, o grito “Independência ou Morte” que marcou o fim do status de colônia portuguesa do país.

Historiadores revelam, entretanto, que os fatos não se desenrolaram exatamente dessa forma. E para debater a história por trás da data, os professores Thiago, Angélica e Diego, do Curso e Colégio Sigma em Londrina, realizam no dia 5 de setembro de 2022, às 19 horas, um plantão interdisciplinar exclusivo para os alunos do pré-vestibular e ensino médio do Sigma. E lembre-se: o bicentenário da independência é um fato histórico importante que pode ser cobrado nos principais vestibulares e no ENEM.

Independência começa com vinda da Família Real ao Brasil

Ficamos curiosos sobre o assunto e convidamos o professor Thiago para dar alguns “spoilers” sobre o plantão. Ele conta que, muito embora o 7 de setembro de 1822 marque a data da Independência do Brasil, a verdade é que o processo começou antes e se estendeu por muitos meses após a efeméride.   

O início dessa história data de 1808, quando  a vinda da Família Real para o Brasil marca o fim do chamado pacto colonial, com abertura dos portos às nações amigas. Com a queda de Napoleão na França, em 1815, o Brasil vira o centro do Império e é elevado ao status de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

As mudanças obviamente agradaram à elite brasileira, visto que o país passou a ter status de sede da coroa. Quando Dom João VI retorna a Portugal, por causa da Revolução Liberal do Porto, entretanto, fica explícita a cobrança, por parte dos portugueses, da ideia da recolonização do Brasil. Por isso, para manter a paz, Dom João deixa seu filho Dom Pedro I em terras brasileiras como garantia de que o país não voltaria a ser colônia. 

O rompimento com Portugal

Influenciado pela elite brasileira, o príncipe rompe com o pai em 9 de janeiro de 1822, quando é chamado a retornar a Portugal e se nega a fazê-lo. É o chamado Dia do Fico, quando ele declara que não vai voltar ao seu país natal. Em 7 de setembro do mesmo ano, em uma viagem por São Paulo, ele recebe nova carta ameaçadora e, diz a história, brada o grito “Independência ou morte”. Foi só no dia 12 de outubro, porém, que Dom Pedro I foi aclamado imperador, tendo sido coroado em 1º de dezembro. 

Neste contexto, o episódio do Grito do Ipiranga não parece tão importante a ponto de marcar o dia da independência. Mas, como a elite paulista já se destacava pela produção do café e queriam atrair visibilidade, fizeram uma mobilização para associar a data ao estado de São Paulo.

Um fato pouco comentado sobre a Independência do Brasil é que não foi um processo totalmente pacífico. As regiões do Pará, Maranhão, Bahia e Cisplatina (atual Uruguai) demonstraram insatisfação com o processo e rebelaram-se. Houve campanhas militares nesses locais e os combates só terminaram em 1824. D. Pedro I precisou contratar um exército de mercenários (soldados que lutam não por uma causa, mas por um pagamento), além de solicitar empréstimos com a Inglaterra, para conter revoltosos.

O papel de Maria Leopoldina

A independência do Brasil é um fato histórico diretamente ligado à ação de Dom Pedro I.  Mas, por trás da decisão do príncipe-regente, a influência da princesa Leopoldina também foi determinante.Conforme informações da Agência Brasil, as cartas que ela enviou ao marido foram o pontapé final para a ruptura entre Brasil e Portugal. 

Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo era uma princesa austríaca, que desembarcou no Brasil em 1817, aos 20 anos, para consumar o casamento com o príncipe-regente Pedro I, da dinastia portuguesa dos Bragança. Um acordo de tronos, como convinha para duas famílias reais europeias.

A primeira imperatriz brasileira viveu pouco, morrendo em 1826 e, em nove anos na corte, engravidou nove vezes. Mas seu papel na história do Brasil vai muito além de ser apenas a esposa de Dom Pedro I. Ela foi fundamental no processo de independência, que implodiu o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Foi ela quem convenceu José Bonifácio a aceitar a nomeação para ser ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros. A declaração da Independência, escrita por Bonifácio, foi assinada por ela em 2 de setembro de 1822 e enviada por mensageiros a cavalo para Dom Pedro, que estava em São Paulo na ocasião. Seus textos foram decisivos.

“O Brasil será em vossas mãos um grande país, o Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhe-o já senão apodrece.” – escreveu Leopoldina numa das três cartas que enviou a Dom Pedro.

O grito do Ipiranga foi consequência não só das ameaças portuguesas de reconduzir o Brasil à situação de colônia, mas também dos esforços da princesa Leopoldina.

Consequências da independência do Brasil

Muito embora a independência tenha sido um acontecimento de grande importância, não provocou as mudanças necessárias para que o Brasil se tornasse um país mais igualitário. 

Grupos como escravizados e indígenas, por exemplo, continuaram sem direitos e participação política. A própria escravidão se manteve até 1888, quando foi oficialmente extinta. 

Além disso, a independência foi proclamada por um príncipe português - Dom Pedro I - e se manteve monarquista com a mesma família portuguesa no comando. 

D. Pedro I precisou contratar um exército de mercenários (soldados que lutam não por uma causa, mas por um pagamento), além de solicitar empréstimos com a Inglaterra, para conter revoltosos.

Portugal reconheceu a independência brasileira apenas em 1825, com a assinatura do Tratado de Paz e Aliança. O Brasil pagou uma indenização de dois milhões de libras esterlinas aos portugueses para obter o acordo, sendo necessário fazer novo empréstimo com os ingleses.